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Quando os Sinos Tocam

Acreditou-se em tempos idos, que os sinos das igrejas que chamavam os fiéis à oração tinham poderes sobrenaturais. Em muitos países católicos, durante a Idade Média, no momento em que era benzido e instalado na igreja o novo sino, eram-lhe apresentadas oferendas e o acontecimento seria celebrado com um grande festim e suculentos banquetes.

Quando a Inglaterra foi assolada pela morte negra (dramatização que pode ser vista no filme Black Death, que se passa em 1348 numa Inglaterra medieval mergulhada na pandemia da peste negra), no século XIV, era crença generalizada de que o vibrar dos sinos da igreja ajudava a afastar a praga. Passados quase 3 séculos, o Dr. Francis Hering, na sua obra Regras, Instruções ou Avisos para o Tempo do Contágio Pestífero, aconselhava: “Que os sinos das cidades toquem frequentemente, o que purificará o ar”.

Algo equivalente chegou a circular na internet durante a pandemia do SARS-CoV2 (COVID-19) em que se dizia que “o novo coronavírus vibra em 5,5 hz e morre acima de 25,5 hz, e ainda que ânimo e os bons sentimentos são capazes de eliminar o vírus”. Estas afirmações são, obviamente falsas e imprecisas, como se pode constatar nesta ligação.

Também se chegou a pensar que o dobrar dos sinos a finados, durante um funeral, afastaria o fantasma do defunto. Já os antigos romanos celebravam a festa em honra dos mortos da família, no mês de Maio, tocavam campainhas de bronze e entoavam: “Espíritos dos meus antepassados, afastai-vos”. No Pontifical Romano recomenda-se o toque dos sinos para expulsar “os espectros enlouquecidos dos mortos“.

No ano de 1753, a pedido da Irmandade dos Clérigos, o arquitecto italiano Nicolau Nasoni apresentou o projecto para uma torre sineira, e em 1754 arrancariam as obras daquela que viria a ser a mais bela e altaneira Torre, dominando toda a paisagem urbana do Porto. Em Julho de 1763, com a colocação da cruz de ferro no topo, e a imagem de São Paulo no nicho sobre a porta, deu-se por finalizada a sua construção.

Numerosas lendas mencionam sinos que tocavam sem a intervenção do homem.

Alexandre Dumas, na sua obra Quadros de Viagens no Sul da França, refere que, em 1407, momentos antes do desmoronamento da antiga ponte sobre o rio Ródano, se ouviram ruídos misteriosos, entre os quais o tocar de um sino.

Até aos meados do século XVIII acreditava-se em Breslávia, na Polónia, que, se o sino da catedral tocasse por influência sobrenatural, um dos cónegos morreria inevitavelmente.

Os sinos e as bruxas

As bruxas, que, segundo crença geral, temiam de morte os sinos das igrejas, eram frequentemente acusadas de, durante a noite, os retirarem dos campanários. Em Canewdon, no Essex, antigamente contava-se que, era possível ouvir um sino a tocar debaixo de água durante as tempestades mais violentas, que segundo a crença local teria sido lançado ao rio por 7 bruxas.

Já em 1852 fizeram-se soar – em vão – os sinos de todos os templos de Malta a fim de amainar uma borrasca violenta; e no mesmo século tocaram-se os sinos na paróquia de Dawlish, situada no Devon, na esperança de que o seu espírito vencesse “o espírito do relâmpago”, pondo assim fim à tempestade.

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