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Constelação: Pégaso

A constelação do famoso Cavalo Alado como é conhecido na mitologia, é facilmente reconhecível pelo seu grande asterismo conhecido como o «quadrado do Pégaso», em que a estrela do vértice Nordeste é alfa And (alfa-Andrómeda-Sirrah), e nos outros cantos temos alfa, beta e gamma Peg, estas últimas de segunda magnitude.

É no extremo Sudoeste que podemos encontrar a Enif (épsilon Peg), uma estrela gigante, sendo a maior desta constelação, com uma magnitude de 2,39. É com a ajuda desta estrela que podemos localizar com maior facilidade o objecto de Messier n.º15 (M15 — é um cúmulo globular a cerca de 33 600 anos-luz da Terra com uma idade estimada de 13,2 mil milhões de anos, um dos mais velhos conhecidos) que fica disposto nos limites com o Cavalinho.

Pégaso na História

Ptolomeu (um cientista grego que viveu em Alexandria, uma cidade do Egipto), já na sua extensa obra o Almagesto já usava a designação de «cavalo», enquanto já no século X os astrónomos árabes usavam a designação de «Grande Cavalo».

Muitos dos nomes actuais desta constelação derivam do árabe, como, por exemplo; a alfa Peg — Markab «a sela»; beta Peg — Scheat «o ombro» ou gamma Peg — Algenib «a asa».

Estrelas Enif (épsilon Peg). Créditos SDSS.
Cúmulo globular M15. Créditos SDSS.
Galáxia espiral NGC 7331 e outros objectos distantes. Créditos: Ralf Muendlein e Wolfgang Kloehr.

A Destacar

  • beta Peg no vértice Noroeste do quadrado é uma variável vermelha bastante irregular com uma oscilação de 2,31 e 2,74. Scheat tem um raio de 145 vezes maior que o do Sol.
  • épsilon Peg é uma super gigante alaranjada, também de variação irregular com valores de 2,29 e 2,44.
  • eta Peg é um sistema quádruplo bastante interessante, cuja estrela primária é uma dupla interferométrica e espectroscópica com um período anual de 2,23 anos, a sua parceira encontra-se a 90,4” de distância com uma magnitude de 8 sendo composta por duas estrelas iguais de magnitude 10 com uma separação de 0,2”.
  • A estrela 51 Peg é notável por ser a primeira estrela parecida com o Sol a ter um planeta extra-solar conhecido.

Agora ainda a destacar os objectos não estelares:

  • M15 — este cúmulo globular é sem dúvida o mais interessante. Descoberto por Maraldi em 1746 e visto por Messier em 1764, tem a magnitude de 6,5 e uma dimensão visual aparente de 7,4’. No céu boreal, este é um dos objectos mais belos ao ser um dos mais povoados e compactos, com um grande número de variáveis RR Lyrae.
  • NGC7331 — a galáxia mais luminosa, uma espiral inclinada a cerca de 4,3 graus a Norte de eta Peg.

Medusa e Perseu. Créditos Doc Zenith.

Mitologia

Quando Perseu cortou a cabeça de Medusa, com quem Poseidon tivera relações sexuais na forma de um cavalo ou de um pássaro, nasceu desse encontro Crisaor e o cavalo Pégaso. Ele obteve o nome de Pégaso porque acredita-se que ele apareceu perto de (πήγαι, pēgai) de Oceanus.

Pégaso elevado ao nível dos imortais, viveria depois no palácio de Zeus, para quem carregava trovões e relâmpagos. De acordo com essa visão, sendo aparentemente a mais antiga, Pégaso era o cavalo trovejante de Zeus; mas outros escritores posteriores descrevem-no como o cavalo de Eos, e colocam-no entre as estrelas como o cavalo celestial.

Pégaso também desempenha um papel proeminente na luta de Belerofonte contra as quimeras. Depois de Belerofonte ter tentado e muito sofrido para ter a posse de Pégaso para a sua luta contra as quimeras, ele consultou o adivinho Polido em Corinto. Este aconselhou-o a passar uma noite no templo de Atenas e, enquanto Belerofonte dormia, a deusa apareceu-lhe num sonho, ordenando-lhe que sacrificasse Poseidon e em troca deu uma rédea de ouro como paga desse feito. Quando acordou e encontrou a rédea nas suas mãos, ofereceu o sacrifício e de seguida pegou Pégaso, que bebia no poço de Pirene.

Segundo alguns relatos, poderá ter sido a própria Atenas que domesticou e freou Pégaso e o entregou a Belerofonte, ou Belerofonte o terá recebido do seu próprio pai Poseidon.

Após ter conquistado as quimeras (Pindar diz que também conquistou as amazonas e os solymi), Belerofonte esforçou-se para subir ao céu com seu novo cavalo alado, mas Pégaso atira-o de volta à Terra ficando entã cheio de medo e tonturas, e fica furioso ao descobrir que foi Zeus que lhe havia enviado uma mosca. Mas Pégaso continuou seu voo.

Hesíodo considerava Pégaso como um cavalo alado, o que não pode ser inferido com certeza da palavra ἀποπτάμενοσε (apoptamenose); mas Píndaro, Eurípides e outros escritores posteriores mencionam expressamente as suas asas.

Por fim, Pégaso também era considerado o cavalo das Musas e, nessa qualidade, é muito mais célebre nos tempos modernos do que foi durante a antiguidade; pois, porque para com os mais antigos, ele não tinha nenhuma ligação com as musas, excepto quando com os seus cascos formou a fonte de Hippocrene.

A história de Hippocrene decorreu da seguinte forma. Quando as nove musas se envolveram numa competição com as nove filhas de Pierus no Monte Helicon, tudo ficou na escuridão quando as filhas de Pierus começaram a cantar; durante a canção das Musas, o céu, o mar e todos os rios pararam para ouvir, e Helicon subiu ao céu com deleite, até que Pégaso, aconselhado por Poseidon, deu-lhe um coice com os seus cascos para que parasse de subir; com esse coice surge Hipocrene, a fonte da inspiração das Musas, no monte Helicon, que, por isso, Pérsio chama fons caballinus. Outros ainda relataram que Pégaso simplesmente fez jorrar a fonte porque estava com sede; e em outras partes da Grécia também se acredita que fontes semelhantes tenham sido convocadas por Pégaso, como Hipocrene, em Troezen, e Pirene, perto de Corinto.

Iconografia

Pégaso é visto frequentemente representado em obras de arte antigas e em moedas com Atenas e Belerofonte, principalmente nas de Corinto, Córcira e Siracusa. Um relevo de terracota de Melos retrata Belerofonte e Pégaso a lutar contra os quimeras. Um relevo romano mostra Belerofonte com Pégaso a beber de uma fonte. O cavalo é geralmente representado com asas, e também ocasionalmente sem elas, como em uma das métopas no templo C em Selinus (início do século VI a.C.), que mostra Medusa, a ser decapitada por Perseu, abraçando Pégaso com seu braço direito.

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