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Universo: Alien ─ Predator ─ Blade Runner

Ninguém pode ignorar o profundo impacto que Ridley Scott já deixou nos meios visuais da era moderna. O seu estilo e as suas técnicas inovadoras permeiam géneros e meios muito além daquilo que se pode quantificar. Eles estão vincadamente apoiados na identidade da cultura popular.

Nos seus quase 60 anos como diretor de cinema, ele criou clássicos intemporais como Blade Runner, “Thelma e Louise”, “G.I. Jane”, “Gladiator”, “Black Hawk Down” e muitos, muitos mais.

Mas, talvez um dos mais influentes de todos eles – e em disputa com Blade Runner – seja seu filme de ficção científica de 1979, “Alien” (em Portugal conhecido como Alien, o Oitavo Passageiro). Tudo sobre o filme é icónico, incluindo o título de abertura.

Apesar de a direção de arte em parte ter sido realizada por Leslie Dilley, que trabalhou também em “Guerra das Estrelas” apenas alguns anos antes, “Alien” era a antítese da “space ópera” melodramática. A apresentação cinematográfica contemporânea, os efeitos especiais e o elenco de estrelas, criaram uma classe própria.

O xenomorfo de H.R. Geiger resistiu ao lado do próprio filme contra o progresso dos efeitos visuais, graças ao seu estranho corpo quitinoso e os excelentes efeitos animatrónicos faciais.

O GIGER MUSEUM em Gruyères/Suíça é a principal representação e gestão artística da H.R.GIGER.

O papel de Sigourney Weaver como “Ripley”, uma mulher mineira a bordo de uma nave de transporte interestelar corporativa, abriria a porta a várias sequelas ela lideraria por quase 20 anos.

O xenomorfo sonhado pelo pintor HR Giger, com a sua força bruta, ácido como sangue e sem consciência para falar, era considerado sem igual, até que outra formidável raça alienígena cai nos cinemas menos de uma década depois do Alien original.

Arnold Schwarzenegger estrelava em 1987 na película “Predator”. Ali um bando de mercenários de elite aventurava-se numa selva da América Central, apenas para encontrar um destino terrível às mãos de um caçador impiedoso vindo do espaço sideral.

Não foi preciso muito tempo para que os fãs começassem a especular se o “Predator” poderia enfrentar razoavelmente um xenomorfo. Isto iria dar mais tarde à origem do cruzamento de universos, passando dos comics (onde foi originalmente testado o modelo) para o ecrã dos cinemas.

É já um facto que estes mundos únicos apresentados em cada uma destas propriedades existem no mesmo universo. Embora isso tenha sido expresso pelos próprios cineastas, a verdade é que há evidências suficientes na história (ou no universo, ou no conteúdo) para vincular cada um deles.

A multiplicidade de personagens e universos de super-heróis que, por mais de uma década, chamaram atenção das massas provam que quanto mais e maior é melhor. Isso é ainda mais evidenciado pelos orçamentos crescentes e pelo fato de que a maioria, se não todos, os grandes estúdios têm a sua os seus próprios “universos”.

Se ir longe é a melhor estratégia, então o que há de melhor do que combinar as séries Predator (1987), Alien (1979) e Blade Runner (1982), juntamente com o Soldier de 1998, para criar um gigante da ficção científica?

Onde é que Blade Runner se encaixa neste universo cinematográfico?

As ligações entre universos remontam desde Blade Runner, onde a ligação mais visível seja vista no monitor no carro voador da polícia que mostra o mesmo ecrã “PURGE” mostrada no nave espacial “Narcissus” visto em Alien. E que para além do óbvio, foi também realizado por Ridley Scott, por isso se quiseres ler esta parte a seguir, agarra-te a qualquer coisa porque a explicação pode ser um pouco longa.

Começamos por analisar a secção dos comentários de “Blade Runner ─ The Final Cut”, onde Ridley Scott no seu comentário afirma que, os dois filmes existem no mesmo universo e que, a tripulação da Nostromo, de Alien (1979), pode estar bem ali na esquina da barraca de venda de macarrão onde Deckard está comer quando o conhecemos logo no início do filme. Isto poderia ser suficiente.

Mas, para além disto, uma das conexões mais óbvias em ambos os filmes é que o planeta Terra parece estar em ambos no limite da sua capacidade de ser habitável. Em Blade Runner há os anúncios recorrentes das colónias fora do planeta. Em Aliens (1986) podemos ver uma colónia bem estabelecida no planeta LV-426 com o objetivo primário de terraformar o planeta. No entanto, as colónias fora da Terra não são muito mencionadas nos filmes após Aliens (1986), com uma breve menção e aparição em Alien: Resurrection (1997).

Outra conexão é que tanto em Blade Runner como em Alien, há seres artificiais, contudo na série de filmes Alien os seres artificiais nunca são referidos como “replicantes”, são reconhecidos como androides, embora aparentemente têm as mesmas características e habilidades dos replicantes de Blade Runner. Facilmente podemos argumentar que David, da série Alien, é comparável a um Nexus-6 ou talvez a uma linhagem replicante alternativa.

As corporações dominadoras em Alien e Blade Runner também são bastante semelhantes, embora a corporação Weyland-Yutani nunca ser mencionada em Blade Runner e a Tyrell Corporation nunca ser mencionada em Alien, mas isso não significa que não possam co-existir.

Umas das hipóteses que podemos colocar, é que a ação na linha do tempo, em Blade Runner poderá ocorrer mais cedo do que em Alien e que a corporação Tyrell possa ter sido comprada ou fundida com a Weyland Corporation (em Prometheus) ou a Yutani Corporation (em Predator: Requiem).

Apesar de ambos os filmes apresentarem humanos artificiais, há diferenças significativas entre os replicantes de Blade Runner e os androides de Alien. Enquanto os replicantes de Blade Runner são apresentados de forma mais glamourosa, com aparências humanas quase perfeitas, os humanos artificiais de Alien são retratados como trabalhadores do complexo militar-industrial, não tendo por isso a mesma aparência luxuosa ou exótica. No entanto, é importante notar que isso não os torna menos humanos ou menos dignos de consideração, e Roy Batty, um replicante de Blade Runner, é mostrado como um modelo de combate altamente avançado e capaz.

Batty era um soldado / trabalhador, não um oficial de uma nave comercial ou um oficial superior de um grupo de combate especializado. Batty e os replicantes que estavam com ele em Blade Runner parecem estar a experimentar uma espécie de evolução ontológica, levada mais adiante em Blade Runner 2049.

Os humanos artificiais de Alien parecem conseguir obter conhecimento e consciência, mas não necessariamente anulam ou superam as suas diretivas pré-programadas. David, nos últimos filmes de Alien, parece ter experimentado algum tipo de crise de programação em que quaisquer inibições que ele tivesse para preservar a vida humana foram alteradas por ele ou por algum evento não mostrado nos filmes para uma diretiva da sua própria escolha na qual ele decide quem é digno ou não de viver.

Quanto ao motivo de não vermos nenhuma sobreposição, isso provavelmente tem mais a ver com as questões de direitos dos personagens. Alien é uma propriedade da Fox e Blade Runner é uma propriedade da Warner Brothers, então só podemos imaginar as dificuldades legais para fundir estes dois universos do filme, mesmo que eles se sobreponham muito bem.

Outro obstáculo que teria de ser resolvido é se a Terra é ou não inabitável.

Na série Alien, só em “Alien Resurrection” é que é revelado que a Terra não é habitável ou pelo menos que não é desejável, segundo o comentário de Johner sobre por que é que alguém gostaria de retornar à Terra. Isso também ecoa nos romances de Philip K. Dick e no universo Blade Runner, especificamente Blade Runner 2049, no qual o deserto ao redor de Las Vegas é considerado tóxico.

Em ambas as séries, podemos concluir que a Terra ainda é habitável, mas não excessivamente desejável para se permanecer nela, daí os comerciais para as colónias “fora do mundo”.

Qual a ligação a Soldier (1988) ?

Soldier é um filme de ação e ficção científica de 1998 dirigido por Paul W. S. Anderson e com Kurt Russell no papel principal. O filme conta a história de um soldado altamente habilidoso e emocionalmente distante, deixado para morrer, faz amizade com um grupo de refugiados e depois enfrenta os seus ex-superiores, que estão determinados a eliminá-los.

O filme foi lançado mundialmente em 23 de outubro de 1998. Após o seu lançamento, Soldier recebeu críticas geralmente negativas, embora muitos elogiassem as cenas de ação e a atuação de Russell. O filme foi um “flop” nas bilheteiras, arrecadando apenas $14 milhões contra o orçamento de produção de $60 milhões.

Soldier foi escrito por David Peoples, que co-escreveu o roteiro do filme Blade Runner de 1982. Ele considera que Soldier é um “spin-off sidequel” – uma espécie de sucessor espiritual de Blade Runner, vendo ambos os filmes como existindo num universo ficcional compartilhado. O filme refere-se obliquamente a vários elementos de histórias escritas por Philip K. Dick (que escreveu o romance “Do Androids Dream of Electric Sheep?”, de 1968, no qual Blade Runner é baseado). No filme pode ver-se um “Spinner” de Blade Runner pode ser visto nos destroços do planeta e o personagem de Kurt Russell lutou nas batalhas referenciadas no monólogo moribundo de Roy Batty (Rutger Hauer): no “Ombro de Orion” e no “Portão de Tannhäuser”.

[edição a 2023-01-18, adicionada a ligação a Soldier]

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