Se está a iniciar-se nas andanças na astronomia amadora, ou mesmo se é um simples curioso pelo assunto dos astros, saber como se orientar sob o céu eterno é uma parte importante.
As coordenadas celestes marcam a posição de um qualquer corpo celeste no céu. Para ser fácil a localização dos objetos — e, porque os objetos celestes não estão todos à mesma distância e a olho nu não é possível discernir a nem a distância, nem a forma — vamos imaginar que o planeta terra está coberto por uma abóbada esférica, à qual chamamos “Esfera Celeste” está cheia de estrelas, gira à nossa volta com um período de um dia.
Imaginando-a assim como uma verdadeira esfera a envolver o nosso planeta, vamos colocar as estrelas fixas na sua superfície. A esfera é fixa relativamente ao céu e a Terra roda no seu interior. Mas não de qualquer maneira, a esfera roda à nossa volta, mas fixa no eixo terrestre com um raio infinito. Os pontos de intersecção é o eixo do nosso planeta (os pólos Norte e Sul) e o eixo da “Esfera Celeste”, e este será então o “eixo da rotação aparente”.
Imagine que está agora no Pólo Norte (vá até ao frigorífico e apanhe um pouco de frio se isso o ajudar a imaginar melhor), olhe para cima e mesmo por cima da sua cabeça, exatamente na perpendicular, poderia encontrar o Pólo Norte Celeste. Neste inóspito lugar, Pólo Norte (brrr!), as estrelas parecem descrever círculos paralelos no horizonte, onde nenhum astro se põe ou nasce. É claro que estando no Pólo Norte só pode ver o Hemisfério Setentrional do céu (a parte Norte para os leigos). O.k. O.k. Já pode sair do frigorífico caso se tenha esquecido.
E agora, viajamos até ao Equador. Notará que aqui os Pólos Celestes (o Norte e o Sul) encontram-se no horizonte coincidindo com os pólos terrestres (os nossos conhecidos pontos cardeais Norte e Sul). Desta vez, as estrelas a descreverem círculos perpendiculares ao horizonte e durante uma noite poder-se-ia ver todo o céu estrelado.
O ponto (o que fica sempre por cima da sua cabeça na perpendicular) chama-se Zénite, ponto este que é a intersecção entre a esfera e a sua linha vertical. No lado oposto, mesmo por baixo dos seus pés o Nadir.
Voltemos para casa. Sabemos que estamos numa latitude intermédia e as estrelas descrevem círculos oblíquos relativamente ao plano horizontal.
Mas é claro, só isto não chega para localizar uma estrela, portanto vamos utilizar coordenadas análogas às Coordenadas Geográficas, a Latitude e a Longitude.
Na esfera celeste essas coordenadas análogas também têm o nome de Ascensão Reta e Declinação, que estão normalmente simbolizadas como α e δ ou abreviadas em AR e Dec.
Imaginemos outra vez a esfera à volta da Terra, agora projetamos na Esfera Celeste uma rede de Coordenadas Geográficas, onde os paralelos correspondem aos Paralelos Celestes e os meridianos são os círculos que passam pelos Pólos Celestes que se chamam Círculos Horários.
Mesmo por cima da sua cabeça (Zénite) há um Círculo Horário que se chama Meridiano Celeste. O meridiano é a linha que cruza o horizonte nos Pontos Cardeais Norte/Sul, e a reta que une estes dois-pontos chama-se Linha Meridiana.
Temos ainda a linha perpendicular à meridiana, traçada no plano horizontal pelo centro da esfera e cruza nos pontos Cardeais Este/Oeste.
A Declinação está numerada e mede-se em graus, em que 0º corresponde ao Equador Celeste, +90º ao Polo Norte e –90º ao Polo Sul.
Tal como na Terra a longitude conta-se a partir de Meridiano de Greenwich, na Esfera Celeste escolheu-se como origem o Círculo Horário que passa pelo ponto onde o Sol atravessa o Equador Celeste, chamado Ponto de Aires, ou mais comummente chamado Equinócio da Primavera. A Ascensão Recta conta-se em horas, minutos e segundos, de 0 a 24 horas em no sentido de Oeste para este.
A Ascensão Reta e a Declinação têm o nome de Coordenadas Equatoriais.
Se não quiser referenciar-se pelo Equador Celeste e pelo Ponto de Aires, pode ainda referenciar-se pelo horizonte e pelos Pontos Cardeais.
Considere então, para além do horizonte, os círculos que passem pelo Zénite e pelo ponto oposto, o Nadir (por baixo dos seus pés), que se chamam Círculos Verticais, sendo o meridiano do local um deles. O arco de círculo vertical entre a estrela e o horizonte é a altura, que se mede desde 0º no horizonte até +90º no Zénite. A outra coordenada a ter em conta é o Azimute conta-se em graus a partir do Norte de 0º a 360º e no sentido dos ponteiros do relógio.