AstronomiaMercúrio

Planeta Mercúrio

PIA10172: MESSENGER's First Look at Mercury's Previously Unseen Side
PIA10172: MESSENGER’s First Look at Mercury’s Previously Unseen Side. NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington

Órbita e proximidade do Sol

Bem-vindos, viajantes do cosmos, a mais uma fascinante jornada em direção aos confins do nosso Sistema Solar. Hoje observamos Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol, onde o calor e a intensidade da nossa estrela central são ampliadas de uma forma verdadeiramente impressionante. Nesta órbita interior, as maravilhas e peculiaridades de Mercúrio aguardam a nossa exploração.

Mercúrio, conhecido como o mensageiro dos deuses na mitologia romana, é um mundo cativante em muitos aspetos. A sua órbita em torno do Sol apresenta características bastante singulares. Com um semieixo de mais de 0,387 unidades astronómicas (cerca de 58 milhões de quilómetros), ele aventura-se num caminho íntimo com a nossa estrela. Essa proximidade extraordinária resulta numa visão espetacular para os aventureiros que se atrevam a explorar a sua superfície.

Imagine-se em Mercúrio, onde o Sol aparece duas vezes e meia maior e sete vezes mais luminoso do que quando observado da Terra. Seria uma visão de tirar o fôlego, capaz de encher qualquer coração com assombro cósmico.

Características Principais

  • Mercúrio é o menor planeta do Sistema Solar e o que está mais próximo do Sol.
  • Mercúrio não tem luas nem anéis.
  • Um ano em Mercúrio é equivalente a cerca de 88 dias terrestres.
  • Um dia em Mercúrio é equivalente a cerca de 176 dias terrestres (isto significa que em Mercúrio é dia por um ano e noite noutro ano).
  • Mercúrio tem a maior excentricidade orbital de todos os planetas do Sistema Solar, com um valor de 0,205630. Isso significa que a órbita de Mercúrio é bastante elíptica e a sua distância ao Sol varia de 46 milhões de quilómetros no periélio a 70 milhões de quilómetros no afélio.
  • O diâmetro equatorial de Mercúrio é de 4.879 quilómetros.
  • Devido à alta variação térmica, o planeta possui uma temperatura média de 179 ºC. Durante o dia, as temperaturas na superfície podem atingir 430ºC, e como o planeta não tem atmosfera para reter esse calor, as temperaturas noturnas na superfície podem cair para -180ºC.
  • O albedo de Mercúrio é 0,068.
  • A magnitude aparente varia de -2,48 a +5,51.
  • O diâmetro angular aparente de Mercúrio visto da Terra varia entre 4,5 e 13,0 segundos de arco.
  • Na antiguidade, Mercúrio foi erroneamente considerado como sendo dois objetos diferentes no céu: a Estrela da Manhã e a Estrela da Noite, porque Mercúrio pode ser visto tanto no céu da manhã quanto no céu da noite, dependendo da sua posição relativamente ao Sol.
A órbita de Mercúrio em torno do Sol é uma elipse bastante excêntrica, levando o planeta tão perto do Sol quanto a 47 milhões de quilómetros e tão longe como a 70 milhões de quilómetros. Ele viaja em torno do Sol a quase 47 km/s, mais rápido do que qualquer outro planeta do Sistema Solar. Uma curiosidade interessante sobre a órbita de Mercúrio é que o periélio da órbita de Mercúrio apresenta uma precessão de 5 600 segundos de arco por século, um fenómeno completamente explicado apenas a partir do século XX pela Teoria da Relatividade Geral formulada por Albert Einstein.

Mas há mais do que aparenta nesse enigmático planeta. Estudos recentes revelaram um fenómeno orbital intrigante que desafia as previsões da mecânica newtoniana. A direção do periélio, o ponto mais próximo do Sol na sua órbita, varia lentamente ao longo do tempo, como acontece com outros planetas. No entanto, em Mercúrio, a velocidade de precessão supera em 43 segundos de arco por século o valor previsto pela clássica mecânica newtoniana. Essa “precessão anómala” foi descoberta mediante observações precisas realizadas durante as passagens do planeta em frente ao disco solar. Somente a teoria da relatividade de Einstein, na sua maravilhosa conceção da relatividade geral em 1916, foi capaz de fornecer uma explicação satisfatória para esse mistério celeste. Mercúrio, o pequeno gigante tão próximo ao Sol, continua a desafiar as nossas compreensões fundamentais do cosmos.

Movimento orbital e a teoria da relatividade

Mercúrio, no seu caminho ao redor do Sol, apresenta um fenómeno que cativou e desconcertou os cientistas por muitos anos. O movimento orbital revelou uma discrepância subtil relativamente às previsões da mecânica newtoniana, que governa os movimentos planetários. Como ocorre com outros planetas, a direção do periélio, o ponto máximo de aproximação ao Sol, varia lentamente com o tempo. No entanto, em Mercúrio, a velocidade de precessão excede em 43 segundos de arco por século o valor previsto pela mecânica clássica, desafiando as expectativas convencionais.

Essa intrigante “precessão anómala”, descoberta por meio de observações precisas durante as passagens de Mercúrio em frente ao disco solar, revelou um mistério cósmico que clamava por uma explicação. Somente quando a mente genial de Albert Einstein formulou a sua teoria da relatividade geral em 1916, o enigma começou a ser solucionado. A relatividade de Einstein, com a sua visão revolucionária da gravidade e do espaço-tempo, ofereceu uma explicação satisfatória para essa discrepância celeste.

Mercúrio orbita o sol numa elipse que gira gradualmente ao longo do tempo (ilustrado). A relatividade geral altera a quantidade prevista de rotação, o que explica por que a órbita de Mercúrio não se alinhava com as previsões anteriores.

Desde então, pesquisas e avanços científicos têm fornecido evidências cada vez mais convincentes de que a teoria da relatividade está correta. Missões espaciais recentes, como a sonda MESSENGER da NASA, enviada em 2004 e que orbitou Mercúrio de 2011 a 2015, proporcionaram uma visão sem precedentes deste pequeno mundo e confirmaram as previsões de Einstein.

A viagem cósmica por Mercúrio conduz-nos à beira de um abismo de conhecimento, onde as leis clássicas da física encontram os seus limites. O movimento orbital peculiar deste planeta leva-nos diretamente aos domínios da teoria da relatividade, revelando a incrível precisão e poder explicativo dessa visão revolucionária do universo. À medida que prosseguimos na nossa exploração, mergulharemos na ressonância spin-órbita de Mercúrio, onde os mistérios cósmicos e as maravilhas celestes se entrelaçam num ballet cósmico hipnotizante.

A ressonância spin-órbita

A dança cósmica de Mercúrio continua a surpreender-nos. Exploramos agora a notável relação entre a rotação do planeta em torno do seu eixo e a sua revolução orbital ao redor do Sol. Esta é a harmonia celeste e as forças gravitacionais que moldam os movimentos deste mundo misterioso.

Mercúrio possui uma característica fascinante que o distingue de outros planetas: sua ressonância spin-órbita. O período de rotação do planeta, conhecido como dia sideral de Mercúrio, dura exatamente dois terços do seu período orbital, o “ano” mercuriano, que corresponde a 87,97 dias terrestres.

Quando um planeta tem o período de rotação como um múltiplo do período orbital dizemos que ocorre uma ressonância spin-órbita. O exemplo no nosso Sistema Solar é o planeta Mercúrio, onde o seu período de rotação é 3/2 do seu período orbital.

Essa relação precisa entre a rotação e a órbita de Mercúrio é resultado das marés solares que agem sobre o planeta. A órbita excêntrica e a forma não perfeitamente simétrica de Mercúrio contribuem para esse fenómeno peculiar. Quando o planeta atinge o periélio, o ponto mais próximo do Sol, o seu eixo maior está sempre alinhado na direção da estrela central.

Estudos recentes têm aprofundado a nossa compreensão dessa ressonância spin-órbita. A sonda MESSENGER, que visitou Mercúrio, revelou que o Sol se move lentamente no céu do planeta, devido à combinação dos movimentos de rotação e revolução. Isso resulta em um dia solar em Mercúrio que dura 176 dias terrestres, o equivalente a dois “anos mercurianos”. Essa peculiaridade cósmica é um testemunho das forças gravitacionais e da influência das marés solares na dinâmica do planeta.

A ressonância spin-órbita de Mercúrio é uma evidência vívida da complexidade e interação entre os corpos celestes. Nesta coreografia celeste, as marés solares moldam a órbita e a rotação de Mercúrio, criando um espetáculo de harmonia cósmica.

As características físicas de Mercúrio

Vamos agora explorar as características físicas que fazem de Mercúrio um mundo singular. Desde a sua superfície árida e crateras marcantes ao seu núcleo metálico misterioso, desvendaremos os segredos desse pequeno planeta que desafia as expectativas e nos fascina com a sua natureza intrigante.

Mercúrio, embora seja o menor planeta do sistema solar, com um raio de 2.439 km, aproximadamente 40% do raio terrestre (se a Terra fosse uma bola de futebol, Mercúrio seria do tamanho de uma bola de ténis), possui uma série de características notáveis. A sua massa é cerca de 0,056 vezes a massa da Terra, tornando-o menor até mesmo que Ganimedes, um dos satélites de Júpiter.

A alta densidade média de Mercúrio, 5,44 vezes a densidade da água, sugere a presença de um volumoso núcleo de ferro e níquel no seu interior, que pode representar entre 60% e 70% da massa total do planeta. Esse núcleo metálico é confirmado pela existência de um campo magnético, com cerca de 1% da intensidade do campo magnético terrestre, gerado por correntes elétricas internas.

Observações detalhadas realizadas por missões espaciais, como a sonda MESSENGER da NASA, revelaram uma superfície muito parecida com a Lua em Mercúrio. A abundância de crateras de impacto e grandes planícies circulares, cercadas por cadeias montanhosas, apontam para um período de intenso bombardeio meteorítico que se seguiu à formação do planeta. Além disso, estruturas geológicas, como um sistema de grandes fraturas da crosta, indicam um processo de contração que pode ser resultado do gradual arrefecimento de Mercúrio desde a sua formação.

Ao olharmos para Mercúrio, somos levados a um mundo lunar, marcado por crateras de impacto e paisagens que testemunham os eventos cósmicos que moldaram a sua história. A sua natureza intrigante, com um núcleo metálico e um campo magnético surpreendentemente fraco, desafia a explorar os mistérios da sua formação e evolução.

Variações de temperatura

Mercúrio, o pequeno gigante dos extremos, continua a intrigar com as suas peculiaridades.

As variações de temperatura em Mercúrio são impressionantes, refletindo os extremos do seu ambiente hostil. No hemisfério diurno, exposto diretamente à luz solar no periélio, a temperatura superficial pode exceder uns impressionantes 3.000°C (a maioria dos metais comuns derrete a essas temperaturas). No hemisfério noturno, em contraste, as temperaturas podem cair para incríveis -170°C.

Essa diferença de temperatura extrema entre os hemisférios é causada pela falta de uma atmosfera significativa em Mercúrio ─ a atmosfera é muito ténue, composta principalmente por hélio, oxigénio, sódio, potássio e cálcio. É tão fina que é equivalente a uma pressão de apenas 0,0000000001 atmosferas terrestres ─ sem uma camada de ar para redistribuir o calor, a superfície do planeta sofre variações extremas de temperatura à medida que é exposta diretamente à radiação solar durante o dia e rapidamente arrefece durante a longa noite mercuriana.

Missões espaciais, como a sonda MESSENGER, forneceram medições mais precisas das variações de temperatura em Mercúrio. Esses dados permitiram uma compreensão mais aprofundada dos padrões térmicos e das características geológicas relacionadas. Ainda assim, as temperaturas extremas de Mercúrio permanecem como um desafio para a exploração humana direta.

Observação das fases de Mercúrio a partir da Terra

A partir da Terra, podemos testemunhar as fases de Mercúrio, assim como fazemos com a Lua. Devido à variação na geometria entre o Sol, a Terra e Mercúrio, o pequeno disco do planeta exibe uma sequência de fases que se assemelham às fases lunares.

Vénus e Mercúrio vistos depois do por do sol.

Essas fases variam desde a conjunção, quando Mercúrio está entre a Terra e o Sol e a sua face não iluminada é voltada para nós, até a oposição, quando Mercúrio está do lado oposto ao Sol e a sua face totalmente iluminada é visível. As fases intermediárias, como o crescente e o minguante, podem ser observadas à medida que o planeta se move na sua órbita.

Avanços na tecnologia de observação, como telescópios terrestres e missões espaciais, forneceram imagens mais nítidas e detalhadas das fases de Mercúrio. Essas observações contribuíram para uma melhor compreensão da dinâmica do planeta e a sua órbita ao redor do Sol.

Planeta Mercúrio
Planeta Mercúrio, visto por um telescópio amador. © João Clérigo.

Lista de missões espaciais que estudaram direta ou indiretamente o planeta Mercúrio:

  • Mariner 10 (1974-1975) – foi a primeira nave espacial a visitar Mercúrio e a primeira a usar a técnica de assistência gravitacional (Vénus) para alcançar outro planeta. A Mariner 10 foi lançada a 3 de novembro de 1973 às 05:45:00 UTC pelo veículo de lançamento Atlas Centaur em Cabo Canaveral, Flórida. A nave espacial cruzou a órbita de Mercúrio a 29 de março de 1974, às 20:46 UT, a uma distância de cerca de 704 km da superfície.
  • MESSENGER (2004-2015) – A MESSENGER (Mercury Surface, Space Environment, Geochemistry and Ranging) foi a sétima missão da classe Discovery e a primeira nave espacial a orbitar Mercúrio. O seu principal objetivo era estudar a geologia, o campo magnético e a composição química do planeta. lançada a 3 de agosto de 2004 às 06:15:56 UTC pelo foguetão Delta II no Cabo Canaveral. Durante o seu primeiro sobrevoo de Mercúrio em janeiro de 2008, a MESSENGER tornou-se a segunda missão, depois da Mariner 10 em 1975, a chegar a Mercúrio. A nave espacial entrou em órbita ao redor de Mercúrio a 18 de março de 2011, tornando-se a primeira nave espacial a fazê-lo.
  • BepiColombo (2018-presente) – é uma missão conjunta entre a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA) para explorar o planeta Mercúrio. A missão foi lançada em 2018 e entrará na órbita de Mercúrio em 2025. A BepiColombo é composta por três naves espaciais separadas que partiram da Terra juntas. A missão tem como objetivo estudar a composição, geofísica, atmosfera, magnetosfera e história do planeta Mercúrio.

Missões Futuras Planeadas:

Atualmente, não há missões espaciais planeadas para estudar diretamente o planeta Mercúrio.

Filmes sobre Mercúrio

Não conheço nenhum filme sobre o planeta Mercúrio. Se souberes de algum, manda uma mensagem nos comentários 😉

Links para Explorar

Artigos Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Veja Também
Fechar
Botão Voltar ao Topo
João Clérigo - Photography
Fechar

AdBlocker Detetado
AdBlocker Detected

Por favor ajude este website permitindo a visualização de alguns anúncios. Obrigado. Please help this website allowing the view of some advertising. Thank you!