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Os Trânsitos de Mercúrio

Contagem Decrescente para o Próximo Trânsito de Mercúrio

7 de Novembro de 2032

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Bem-vindos, caros leitores apaixonados pelo céu estrelado, neste artigo vamos explorar um fenómeno astronómico que é tão fascinante quanto raro: os trânsitos de Mercúrio. Mas antes de avançar, uma chamada de atenção muito importante:

NUNCA OLHE PARA O SOL SEM A PROTEÇÃO ADEQUADA.
OLHAR / OBSERVAR O SOL SEM FILTROS ADEQUADOS PODE CAUSAR DANOS PERMANENTES E IRREVERSÍVEIS À VISÃO!

Introdução

Um trânsito é um evento astronómico que ocorre quando um objeto celeste passa diretamente entre outro objeto celeste e o observador. Isso pode acontecer, por exemplo, quando um planeta passa entre o Sol e a Terra. Quando isso acontece, o planeta pode ser visto como um pequeno ponto escuro a mover-se lentamente pelo disco solar. Os trânsitos mais comuns observados da Terra são os trânsitos de Mercúrio e Vénus, os dois planetas mais próximos do Sol.

Os trânsitos de Mercúrio são eventos raros e fascinantes que ocorrem apenas cerca de 13 vezes em cada século. São visíveis apenas em algumas partes do mundo e requerem algum equipamento especializado para serem observados com segurança. Vamos explorar este assunto.

Objetos mostrados à escala. Mercúrio é visto como um pequeno ponto a transitar o disco solar. © João Clérigo.

O que é um Trânsito

Para entender o que é um trânsito, precisamos ter uma visão clara da configuração do nosso sistema solar e da posição relativa dos planetas relativamente ao Sol e à Terra.

O sistema solar é composto por uma estrela central, o Sol, e os planetas que orbitam ao seu redor. A órbita de cada planeta é uma trajetória definida pela gravidade, mantendo-os em movimento constante ao redor do Sol. Essas órbitas ocorrem em planos ligeiramente inclinados relativamente à órbita da Terra.

Quando observamos o sistema solar a partir da Terra, percebemos que os planetas parecem mover-se ao longo da faixa aparente do céu chamada “eclítica”. Essa faixa corresponde ao plano da órbita da Terra em torno do Sol, e é nessa faixa que ocorrem os trânsitos.

Um trânsito acontece quando um planeta passa exatamente entre a Terra e o Sol, alinhando-se na eclítica de forma a ser visto a mover-se em frente ao disco solar. Visto da Terra, o planeta em trânsito parece como um pequeno ponto negro movendo-se lentamente através da superfície brilhante do Sol.

Nesta animação, pode ver-se na zona mais a “sul”, um pequeno ponto negro, Mercúrio, a atravessar o disco solar.
Trânsito de Mercúrio em 9 de Maio de 2016.
© João Clérigo.

Essa configuração ocorre apenas com os planetas interiores, que são aqueles cujas órbitas estão mais próximas do Sol do que a órbita da Terra. No nosso sistema solar, os planetas interiores são Mercúrio e Vénus.

Vamos focar-nos em Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol. Por estar mais próximo da nossa estrela, Mercúrio apresenta fases semelhantes às da Lua quando observado a partir da Terra. Essas fases são facilmente percebidas com o auxílio de um telescópio, e durante um trânsito, podemos ver uma fase particular do planeta enquanto ele cruza o Sol.

As fases de Mercúrio, como vistas da Terra.

Um trânsito de Mercúrio é uma ocorrência rara e emocionante, pois é um evento que nos conecta com as marés cósmicas do nosso sistema solar. Observar um planeta como Mercúrio a passar em frente ao Sol é uma experiência única que nos lembra a vastidão do universo e a beleza das danças celestiais.

Estes fenómenos astronómicos também têm um valor científico significativo. Durante um trânsito, os astrónomos podem analisar a luz solar filtrada através da atmosfera de Mercúrio. Essas análises permitem-nos estudar a composição e propriedades da sua atmosfera, bem como a deteção de possíveis gases ou elementos presentes na sua camada mais externa.

Os trânsitos de Mercúrio são excelentes oportunidades para observadores amadores e astrónomos profissionais colaborarem, registando e partilhar as suas observações para fins científicos e educacionais. Graças à tecnologia moderna, podemos agora partilhar essas experiências em todo o mundo, aproximando-nos e inspirando-nos mutuamente através da nossa paixão comum pelo cosmos.

Pode ver-se na zona mais a “sul”, um pequeno ponto negro, Mercúrio, a atravessar o disco solar.
Trânsito de Mercúrio em 7 de Maio de 2003, visto por um telescópio amador.
Na imagem, no topo à esquerda, pode ver-se uma mancha solar.
© João Clérigo.

É importante salientar que, embora os trânsitos de Mercúrio sejam eventos astronómicos cativantes, a sua observação requer extrema precaução devido à intensidade da luz solar. Nunca devemos olhar diretamente para o Sol sem a proteção adequada, que inclui o uso de filtros solares adequados e a consulta de fontes especializadas e seguras.

Agora que compreendemos o que é um trânsito, vamos explorar detalhadamente as precauções e instrumentos necessários para observar esses eventos com segurança e apreciar a beleza da dança planetária que nos cerca.

O uso de Telescópio ou Binóculos para observar um Trânsito de Mercúrio

A observação de um trânsito de Mercúrio é um espetáculo celestial emocionante e recompensador. Para apreciar plenamente este evento raro e presenciar o pequeno disco de Mercúrio a atravessar o Sol, é necessário equipar-se com instrumentos óticos adequados, como telescópios ou binóculos. Aqui, explicaremos como utilizar esses dispositivos para obter a melhor experiência de observação.

1. Telescópios

Os telescópios são instrumentos ideais para observar trânsitos de planetas, pois proporcionam uma imagem mais nítida e detalhada do Sol e de Mercúrio. Existem diferentes tipos de telescópios disponíveis no mercado, e a escolha depende do nível de interesse e da experiência do observador.

a) Telescópios Refratores: Estes telescópios utilizam lentes para concentrar a luz e formar uma imagem. São populares entre astrónomos amadores devido à sua facilidade de uso e manutenção. Ao observar o Sol, é essencial usar um filtro solar adequado na objetiva do telescópio, para bloquear a maior parte da luz solar e proteger os olhos do observador.

O filtro solar nunca é colocado nas lentes oculares. É sempre colocado na objetiva para filtrar o máximo de luz solar com segurança.

b) Telescópios Refletores: Neste tipo de telescópio, um espelho é usado para refletir a luz e formar a imagem. São amplamente utilizados para a observação celeste e oferecem uma excelente qualidade de imagem. A utilização de filtros solares é igualmente crucial ao observar o Sol com telescópios refletores.

O filtro é colocado na abertura principal do telescópio.

c) Telescópios Catadióptricos: Estes telescópios combinam elementos óticos, como lentes e espelhos, para formar a imagem. São muito versáteis e compactos, ideais para observação planetária. Tal como nos outros tipos de telescópios, os filtros solares são indispensáveis.

O filtro nestes telescópios também é colocado na abertura principal do telescópio.

Independentemente do tipo de telescópio, é essencial adquirir um filtro solar específico para a objetiva. Nunca devemos tentar observar o Sol diretamente através do telescópio sem esse filtro, pois isso pode causar danos irreversíveis à visão.

2. Binóculos

Embora os telescópios sejam preferíveis para a observação detalhada de trânsitos de Mercúrio, os binóculos também podem proporcionar uma experiência gratificante, especialmente para observadores principiantes ou para quem deseja uma abordagem mais acessível e portátil.

Para observar o Sol com binóculos, é igualmente crucial usar filtros solares apropriados nas lentes da frente (objetivas). Nunca aponte binóculos para o Sol sem esses filtros, pois a intensidade da luz solar pode danificar permanentemente a visão.

Além disso, os binóculos com maiores aumentos proporcionarão uma melhor visão, permitindo-nos notar melhor o pequeno ponto escuro de Mercúrio a passar pelo Sol. No entanto, tenha em mente que quanto maior o aumento, maior a necessidade de estabilização, uma vez que as vibrações das mãos podem prejudicar a nitidez da imagem. Utilize um tripé ou apoio adequado para uma visualização mais estável.

Independentemente do instrumento ótico escolhido, o planeamento e a preparação são fundamentais para aproveitar ao máximo a observação de um trânsito de Mercúrio. Consulte os calendários astronómicos para conhecer as datas e horários do trânsito, verifique as condições meteorológicas para garantir céus limpos e, acima de tudo, não se esqueça dos filtros solares adequados para proteger os olhos e os instrumentos de observação.

Observação Indireta de um Trânsito de Mercúrio

Além do uso de telescópios ou binóculos equipados com filtros solares, existem métodos alternativos mais seguros e mais económicos (bons filtros são normalmente caros) para observar um trânsito de Mercúrio. Estes métodos baseiam-se em técnicas de projeção que permitem ao observador ver o trânsito de forma indireta, eliminando o risco de danos oculares causados pela intensa luz solar.

1. Projeção com Telescópio ou Binóculos

Uma maneira relativamente simples de observar um trânsito de Mercúrio é projetar a imagem do Sol através do telescópio ou binóculos para uma superfície plana, como um pedaço de cartolina branca ou uma tela. Para fazer isso, aponte a objetiva do telescópio ou binóculos diretamente para o Sol (não olhe pelo visor!) e ajuste o foco até obter uma imagem nítida do Sol na superfície de projeção.

Esta técnica permite que várias pessoas observem o trânsito simultaneamente, tornando-o ideal para atividades de divulgação ou observação em grupo.

Uma luneta/telescópio solar dedicado unicamente à observação solar.

2. Observação com uma Luneta Solar

Outra abordagem, e caso a sua carteira suporte o investimento, é utilizar uma luneta/telescópio solar, um dispositivo ótico construído especificamente para observação solar de forma segura. As lunetas solares vêm equipadas com filtros solares integrados que permitem uma visualização direta e segura do Sol, sem riscos para a visão.

Essas lunetas geralmente são de fácil utilização, e muitas delas também são portáteis, tornando-as uma excelente opção para observadores que viajam muito ou para quem deseja uma alternativa mais prática ao uso de telescópios.

No próximo tópico, abordaremos detalhadamente as regras de segurança na observação solar, essenciais para garantir que a apreciação desse maravilhoso fenómeno não cause danos à nossa visão.

Regras Fundamentais de Segurança na Observação Solar

A observação solar é uma atividade empolgante e gratificante, mas é crucial lembrar que o Sol emite uma quantidade enorme de luz e radiação nociva. Olhar diretamente para o Sol sem a proteção adequada pode causar danos irreversíveis aos olhos, incluindo queimaduras na retina, cegueira temporária ou permanente. Portanto, é fundamental seguir rigorosamente as regras de segurança ao observar o Sol.

1. NUNCA olhe diretamente para o Sol

Não importa quão escuro ou avermelhado o Sol possa parecer, nunca olhe diretamente para ele sem a proteção adequada. A exposição direta aos raios solares pode causar lesões graves e permanentes na sua visão. Isso inclui tentar observar um trânsito de Mercúrio ou qualquer outro evento solar sem usar os filtros solares apropriados.

2. Use filtros solares adequados para os olhos

Os filtros solares aprovados pela indústria astronómica, como os filtros de filme solar ou filtros de Mylar, são desenhados para bloquear a maior parte da luz solar e filtrar os raios ultravioleta e infravermelhos prejudiciais. Use esses filtros sobre os seus olhos antes de olhar para o Sol, garantindo que cubram completamente os olhos e não deixem passar luz pelas laterais.

3. Proteja os instrumentos óticos

Se estiver a utilizar telescópios, binóculos ou câmaras fotográficas para observar o Sol, coloque filtros solares adequados nas objetivas (frente) dos equipamentos. Nunca aponte um telescópio ou binóculos diretamente para o Sol sem os filtros apropriados, pois a concentração da luz solar poderá causar danos irreversíveis aos dispositivos e até mesmo incendiar materiais próximos.

4. Evite métodos improvisados

Não tente improvisar filtros para observar o Sol, como o uso de vidro fumado, CDs, filmes fotográficos, papel alumínio ou qualquer material caseiro. Esses métodos não oferecem proteção adequada e podem permitir que a luz solar danifique os seus olhos ou equipamentos.

5. Utilize lunetas solares ou projetores

Lunetas solares e projetores solares são dispositivos óticos específicos projetados para observar o Sol com segurança. As lunetas solares possuem filtros integrados, tornando-as seguras para observação direta. Os projetores solares permitem que projete a imagem do Sol em uma superfície plana, evitando a exposição direta aos raios solares.

6. Observação indireta com projeção

Como mencionado anteriormente, a observação indireta com projeção é uma opção segura e eficaz para observar o Sol. Isso envolve projetar a imagem do Sol através de um telescópio ou binóculos, como uma tela branca ou papel. Dessa forma, pode ver o Sol sem olhar diretamente para ele.

7. Supervisão de crianças

Se estiver a realizar atividades de observação solar com crianças, certifique-se de que elas entendem a importância das regras de segurança e estejam sob supervisão adequada de adultos. Explique-lhes os riscos e as medidas de proteção apropriadas.

Seguir rigorosamente essas regras de segurança garantirá que desfrute da observação solar de forma segura e sem complicações.

Lembre-se de que a nossa visão é um bem precioso, e protegê-la deve ser sempre a principal prioridade durante a observação desses eventos celestes.

A Periodicidade dos Trânsitos de Mercúrio

Os trânsitos de Mercúrio são eventos astronómicos fascinantes, mas são relativamente raros devido à posição específica dos planetas no sistema solar e à inclinação das suas órbitas relativamente à órbita da Terra. Para entender a periodicidade desses eventos, vamos explorar os fatores que os influenciam e como as órbitas planetárias contribuem para essa ocorrência incomum.

1. Posição dos Planetas no Sistema Solar

A periodicidade dos trânsitos de Mercúrio é influenciada pela posição relativa de Mercúrio e da Terra relativamente ao Sol. Para ocorrer um trânsito, é necessário que a linha de visão da Terra esteja alinhada com a linha do Sol e o planeta Mercúrio, permitindo que o planeta cruze diretamente em frente ao disco solar.

2. Inclinação das Órbitas

As órbitas dos planetas no sistema solar não estão todas contidas no mesmo plano. As órbitas de Mercúrio e da Terra estão inclinadas em relação uma à outra em cerca de 7 graus. Isso significa que, a maior parte do tempo, Mercúrio passa acima ou abaixo do disco solar, não cruzando diretamente em frente a ele.

3. Resonância Orbital

Um dos fatores determinantes da periodicidade dos trânsitos de Mercúrio é a relação entre os períodos orbitais de Mercúrio e da Terra. O período orbital de Mercúrio, o tempo que leva para completar uma volta em torno do Sol, é de aproximadamente 88 dias. Já o período orbital da Terra é de cerca de 365 dias.

Devido a essa diferença nos períodos orbitais, ocorrem uma série de alinhamentos planetários complexos que ocorrem ao longo de várias órbitas. Esses alinhamentos podem resultar em vários trânsitos de Mercúrio ao longo do tempo.

4. Ciclos de Trânsitos de Mercúrio

Os trânsitos de Mercúrio seguem ciclos periódicos, o que significa que ocorrem em intervalos regulares. O ciclo mais significativo é o Ciclo de Saros, com um período de 46 anos e 8 dias. Este ciclo é composto por 243 órbitas de Mercúrio e 16 órbitas da Terra, resultando em um padrão de trânsitos aproximadamente repetido a cada 46 anos.

No entanto, os trânsitos não ocorrem exatamente a cada 46 anos, porque o período orbital de Mercúrio é ligeiramente menor do que um número inteiro de anos terrestres. Isso resulta em pequenas variações no ciclo de trânsitos.

5. Número de Trânsitos por Século

Devido à periodicidade dos trânsitos de Mercúrio, podemos esperar que ocorram cerca de 13 a 14 trânsitos deste planeta por século. Essa baixa frequência torna esses eventos bastante especiais para a comunidade astronómica e para os entusiastas da astronomia em geral.

Os Trânsitos de Mercúrio na História

A observação dos trânsitos de Mercúrio tem uma longa história que remonta aos primeiros estudos astronómicos. Estes eventos foram de grande importância para os astrónomos e cientistas, permitindo avanços significativos no nosso conhecimento do sistema solar e da astronomia em geral. Vamos explorar os momentos mais marcantes e descobertas associadas aos trânsitos de Mercúrio ao longo da história.

1. Observações no Século XVII

Pierre Gassendi (1592 – 1655)

Os trânsitos de Mercúrio começaram a ser cuidadosamente observados e registados no século XVII e o primeiro trânsito de Mercúrio foi previsto por Kepler em 1627. Ele faleceu em 1630, um ano antes de ver a sua previsão confirmada. Em 1631, Pierre Gassendi seria o primeiro a testemunhar um trânsito de Mercúrio e tentou medir a paralaxe do planeta. Infelizmente, a precisão dos seus cálculos não foi suficiente para obter uma estimativa precisa da distância entre a Terra e o Sol.

2. Determinando a Escala do Sistema Solar

Foi no século XVIII que os trânsitos de Mercúrio provaram ser de grande utilidade para os astrónomos na determinação da escala do sistema solar. Em 1716, o astrónomo Edmond Halley propôs que a observação de trânsitos de Mercúrio a partir de locais geograficamente separados na Terra permitiria calcular a distância entre a Terra e o Sol, conhecida como a Unidade Astronómica (UA).

As expedições para observar o trânsito de Mercúrio em 1761 e 1769 foram empreendidas por diversos astrónomos, incluindo James Cook, explorador e cartógrafo britânico. Ao comparar as observações feitas a partir de diferentes pontos da Terra, os cientistas puderam calcular a UA e, assim, obter uma medida mais precisa da escala do sistema solar.

3. A Precessão do Periélio de Mercúrio

Em meados do século XIX, o matemático e astrónomo francês Urbain Le Verrier fez uma descoberta notável ao estudar os trânsitos de Mercúrio. Ele percebeu que a órbita de Mercúrio não era estática, mas sim que o seu periélio (ponto mais próximo do Sol) se deslocava gradualmente no sentido da sua órbita.

Le Verrier teorizou que essas alterações na órbita de Mercúrio podiam ser explicadas pela influência gravitacional de um planeta desconhecido mais próximo do Sol. A sua teoria levou à descoberta de Neptuno em 1846, que foi confirmada após cálculos precisos.

Posteriormente, as medições mais precisas dos trânsitos de Mercúrio confirmaram o fenómeno da precessão do periélio, que é uma das evidências mais fortes da teoria da relatividade geral de Albert Einstein.

4. Avanços Tecnológicos e Novas Descobertas

Com os avanços tecnológicos e a observação espacial moderna, os trânsitos de Mercúrio continuam a contribuir para a nossa compreensão do sistema solar. Observações mais recentes, realizadas por sondas espaciais como o Observatório Solar e Heliosférico (SOHO) da NASA e a sonda Messenger da NASA, permitiram medições mais precisas da órbita e atmosfera de Mercúrio, enriquecendo a nossa compreensão deste misterioso planeta.

Os trânsitos de Mercúrio permanecem como eventos de destaque para os astrónomos amadores e profissionais, bem como para o público em geral, proporcionando uma oportunidade única para explorar as maravilhas do cosmos e a complexidade das danças celestiais.

Em conclusão, a história dos trânsitos de Mercúrio é uma história de descobertas e avanços significativos na astronomia. Desde as primeiras observações até às explorações espaciais modernas, esses eventos continuam a desempenhar um papel crucial no aprofundamento do nosso conhecimento do sistema solar e do universo que nos rodeia.

O Efeito “Back Drop” nos Trânsitos de Mercúrio

O efeito “Back Drop” é um fenómeno visual intrigante que ocorre durante os trânsitos de Mercúrio e que adiciona uma dimensão única à observação desses eventos celestiais. Esse efeito acontece devido à ótica do telescópio e à refração da luz solar, resultando numa aparente distorção na posição de Mercúrio à medida que cruza o disco solar.

Quando observamos o trânsito de Mercúrio através de um telescópio equipado com um filtro solar adequado, percebemos que o planeta parece ficar um pouco “preso” à borda do Sol antes de iniciar o seu trânsito. Em outras palavras, Mercúrio parece tocar o limbo solar antes de entrar totalmente no disco solar.

Esse efeito é uma ilusão ótica causada pela atmosfera da Terra e pela refração da luz solar ao passar através dela. A luz do Sol é refratada, ou seja, desviada à medida que atravessa as camadas da atmosfera terrestre, criando um “halo” ao redor do Sol. Isso é especialmente evidente quando olhamos para o Sol perto do horizonte, onde a luz solar atravessa uma espessura maior de atmosfera.

Durante um trânsito de Mercúrio, quando o planeta está prestes a cruzar o disco solar, o efeito “Back Drop” ocorre porque a luz solar refratada pela atmosfera terrestre faz com que Mercúrio pareça mais “perto” da borda solar do que realmente está.

Quando Mercúrio inicia o trânsito e começa a cruzar o disco solar, a luz refratada dá a impressão de que o planeta está levemente deslocado para dentro do Sol. Isso dá a sensação de que Mercúrio está a tocar a borda do Sol antes de começar a sua jornada em frente ao disco.

O efeito “Back Drop” é uma curiosidade interessante para os astrónomos e observadores, mas também pode ser um desafio a ser levado em conta em observações precisas. Os astrónomos profissionais e amadores que estudam trânsitos de Mercúrio têm de levar em conta esse efeito ao analisar e interpretar os dados obtidos durante esses eventos.

Apesar do efeito “Back Drop” criar essa ilusão visual, a observação de trânsitos de Mercúrio continua a ser uma experiência astronómica emocionante e recompensadora. Esses eventos raros conectam-nos com os movimentos celestiais e lembram-nos da vastidão e complexidade do nosso sistema solar. É uma oportunidade única de testemunhar a dança dos planetas diante da majestosa esfera solar, um espetáculo que nos inspira e nos aproxima do universo que nos cerca.

Trânsito, Eclipse ou Ocultação: Diferenças e Semelhanças

Muitas vezes, os termos “trânsito”, “eclipse” e “ocultação” são usados indistintamente para descrever eventos astronómicos que envolvem a passagem de um objeto celestial diante de outro. No entanto, esses termos têm significados específicos e referem-se a fenómenos diferentes. Vamos explicar detalhadamente cada um deles e destacar as suas diferenças e semelhanças.

1. Trânsito

Um trânsito ocorre quando um objeto celeste, geralmente um planeta, passa diretamente em frente a outro objeto maior, como uma estrela. Da perspetiva de um observador na Terra, o planeta parece mover-se em frente ao disco da estrela, criando uma “sombra” ou uma pequena mancha escura que cruza o objeto maior.

Trânsitos são eventos relativamente comuns e são observados principalmente no contexto dos planetas do nosso sistema solar relativamente ao Sol. Mercúrio e Vénus são os planetas que podem ser observados a transitarem o Sol da perspetiva terrestre.

2. Eclipse

Um eclipse é um evento astronómico que ocorre quando um objeto celeste é completamente obscurecido ou bloqueado por outro objeto. Geralmente, os eclipses referem-se a fenómenos que ocorrem na Terra e envolvem o bloqueio da luz solar ou lunar.

  • Eclipse Solar: Ocorre quando a Lua passa diretamente entre a Terra e o Sol, bloqueando parcial ou totalmente a luz solar. Da perspetiva terrestre, o Sol parece ser coberto pela Lua, criando uma área de escuridão temporária, conhecida como a “totalidade” em eclipses solares totais.
  • Eclipse Lunar: Ocorre quando a Terra fica entre o Sol e a Lua, bloqueando a luz solar direta que normalmente ilumina a Lua. Durante um eclipse lunar, a Lua adquire uma cor avermelhada ou acastanhada, devido à dispersão da luz solar pela atmosfera terrestre.

3. Ocultação

A ocultação é um fenómeno no qual um objeto celeste é completamente obscurecido pela passagem de outro objeto maior em frente a ele. Este termo é frequentemente associado a estrelas ou planetas que são encobertos pela Lua ou por outro corpo celestial.

  • Ocultação Estelar: A Lua, planetas ou outros objetos celestiais podem passar em frente a uma estrela, obscurecendo temporariamente a sua luz da perspetiva terrestre. Isso é conhecido como uma ocultação estelar.

Em resumo, as principais diferenças entre trânsitos, eclipses e ocultações estão relacionadas aos objetos envolvidos no evento e à sua perspetiva a partir da Terra. Trânsitos envolvem a passagem de um planeta em frente a uma estrela, eclipses referem-se à obstrução da luz solar ou lunar por outro objeto, e ocultações são eventos nos quais um objeto celeste é obscurecido pela passagem de outro objeto maior. Embora sejam fenómenos astronómicos distintos, todos eles proporcionam oportunidades emocionantes para estudar o cosmos e lembrar-nos da complexidade e beleza do universo que nos rodeia.

Próximos Trânsitos de Mercúrio Visíveis em Portugal

Os trânsitos de Mercúrio são eventos celestes emocionantes e relativamente raros, que oferecem aos observadores da Terra a oportunidade única de ver o pequeno ponto escuro do planeta Mercúrio a cruzar o disco solar. Esses eventos são espetáculos astronómicos fascinantes que despertam o interesse de astrónomos amadores e profissionais em todo o mundo. Vamos detalhar os próximos trânsitos de Mercúrio visíveis em Portugal:

  • 7 de Novembro de 2032, início às 08:41
  • 9 de Novembro de 2039, início às 09:17
  • 7 de Maio de 2049, início às 12:03
  • 9 de Novembro de 2052 — não é visível desde Portugal
  • 8 de Novembro de 2065, início às 11:39

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