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Messier 7: Um Enxame de Pirilampos Cósmicos

Messier 7 – Integração de 630 segundos. 2024-07-23 – Copyright: João Clérigo

Imagine-se num ambiente rural numa noite de verão, sob um céu límpido e estrelado. O seu olhar vagueia pela Via Láctea e, de repente olhando a Sul um pouco acima do horizonte, depara-se com um aglomerado de estrelas cintilantes que parece flutuar no espaço como um enxame de pirilampos cósmicos. O que acabou de descobrir é o magnífico Enxame Aberto Messier 7, também conhecido como Enxame de Ptolomeu, uma das joias mais brilhantes do nosso céu noturno.

Com um diâmetro aparente de cerca de 1,3 graus – aproximadamente três vezes o tamanho da Lua cheia no céu – o Messier 7 é uma verdadeira maravilha celestial. Este enxame é composto por cerca de 80 estrelas visíveis a olho nu em condições ideais, embora estudos mais aprofundados revelem a presença de centenas de membros estelares.

O Messier 7 é um dos enxames abertos mais espetaculares e facilmente visíveis a olho nu, situado na constelação do Escorpião. Este aglomerado estelar, com a sua forma irregular e brilho deslumbrante, é um verdadeiro tesouro para os astrónomos amadores e profissionais. Localizado a cerca de 980 anos-luz da Terra, o M7 é um grupo de estrelas relativamente jovens, com uma idade estimada em torno dos 200 milhões de anos – o que é um piscar de olhos na escala cósmica.

O Enxame de Ptolomeu não é apenas um deleite visual; é também um laboratório cósmico que nos permite estudar a formação e a evolução estelar, a dinâmica dos enxames abertos e a estrutura da nossa galáxia. Cada estrela neste aglomerado conta uma história – uma história de nascimento cósmico, vida estelar e, eventualmente, morte – tudo isso escrito na linguagem universal da física e da luz.

A História da Descoberta do Messier 7

A história da descoberta do Enxame Aberto Messier 7 é muito fascinante! Remonta à antiguidade e estende-se até à era moderna da astronomia. Este brilhante aglomerado estelar, porque é visível a olho nu, captou a atenção dos observadores do céu muito antes da invenção do telescópio.

A primeira referência conhecida a este magnífico enxame vem do astrónomo grego Claudio Ptolomeu, no século II d.C. Ptolomeu, autor do influente tratado astronómico Almagesto, descreveu o objeto como uma “nebulosa” seguindo a cauda da constelação do Escorpião. Esta observação precoce valeu ao M7 o seu nome alternativo, “Enxame de Ptolomeu“, uma homenagem ao seu primeiro observador registado.

Nome:Enxame de Ptolomeu
Tipo:Enxame Aberto (OCL (II2r))
Constelação:Escorpião
NGC / IC:NGC 6475
Magnitude:3,5
Idade:200 milhões de anos
Vizualização Mínimaolho nu
Tamanho Angular:75′
Raio (anos-luz):25 AL
Distância (anos-luz)980 AL
A.R.:17h 53m 50.0s
Dec.:-34° 47′ 36″
Temporada:meio do verão
Localização na Via Láctea:Braço de Orion
Grupo Galático:Grupo Local
Maratona Messier:#87
Contêm:80+ estrelas

Alguns séculos mais tarde, em 1615, o astrónomo italiano Giovanni Batista Hodierna redescobriu o enxame e incluiu-o no seu catálogo de objetos celestes. Hodierna, um pioneiro na observação de objetos do céu profundo, forneceu uma das primeiras descrições detalhadas do M7, contribuindo assim significativamente para o conhecimento astronómico da época.

No entanto, foi Charles Messier, o famoso “caçador de cometas” francês, quem deu ao enxame a sua designação mais conhecida. Messier incluiu o objeto no seu célebre catálogo de objetos nebulosos a 23 de maio de 1764. Ele descreveu-o como um “aglomerado de pequenas estrelas, mais brilhante que M6, numa forma quadrangular; este aglomerado está localizado no arco do Sagitário, perto da cauda do Escorpião“. Esta catalogação como Messier 7 solidificou o lugar do enxame na história da astronomia moderna.

Após a sua inclusão no catálogo de Messier, o M7 tornou-se desde então um alvo popular para astrónomos amadores e profissionais. No século XIX, o astrónomo inglês John Herschel realizou observações detalhadas do enxame durante a sua estadia no Cabo da Boa Esperança, na África do Sul. As suas observações, publicadas em 1847 no seu Catálogo Geral, forneceram uma descrição ainda mais pormenorizada do enxame.

Claudius Ptolemy – O Almagesto pode ser lido on-line aqui numa tradução em inglês de C. J. Toomer, 1984, Gerald Duckworth & Co. Ltd.

À medida que a tecnologia astronómica avançou nos séculos XX e XXI, a nossa compreensão do M7 tornou-se cada vez mais sofisticada. Observações com telescópios modernos e instrumentos espaciais revelaram detalhes impressionantes sobre a sua composição, idade e dinâmica deste antigo enxame estelar.

A história da descoberta do Messier 7 é um testemunho do fascínio duradouro que o céu noturno exerce sobre a humanidade. Desde as observações a olho nu de Ptolomeu até às sofisticadas análises modernas, este brilhante enxame continua a cativar e inspirar, lembrando-nos da rica herança da astronomia e da constante evolução do nosso conhecimento sobre o cosmos.

É importante notar que, embora Messier tenha catalogado o M7, não foi ele que o descobriu originalmente. O seu trabalho foi mais no sentido de sistematizar e documentar objetos celestes já conhecidos, com o objetivo principal de distingui-los de cometas. Esta abordagem metódica de Messier acabou por criar um dos catálogos mais úteis e duradouros na história da astronomia.

A Sua Visibilidade

O Enxame Aberto Messier 7 é uma verdadeira joia do céu noturno e oferece um espetáculo visual fascinante para qualquer tipo de observador. Mas quando e como o podemos melhor e apreciar este maravilhoso objeto celeste?

Melhor Altura para Observação: O M7 é mais visível durante os meses de verão no hemisfério norte, sendo ideal a sua observação entre maio e agosto. No hemisfério sul, é visível durante grande parte do ano, mas é particularmente proeminente durante o inverno austral. Em Portugal, o melhor período para observação é em meados de junho a meados de agosto, quando o Escorpião está mais alto no céu noturno.

Para uma observação ideal, escolha uma noite sem lua, com céu limpo e preferencialmente fora de zonas urbanas. O enxame é visível assim que o céu escurece completamente, mas a melhor visibilidade ocorre quando a constelação do Escorpião está no seu ponto mais alto no céu, geralmente por volta da meia-noite em meados de julho.

Localização no Céu: O Messier 7 está localizado na constelação do Escorpião, próximo à fronteira com a constelação do Sagitário. As suas coordenadas celestes são:

  • Ascensão Reta: 17h 53m 50s
  • Declinação: -34° 47′ 36″

Como encontrar o M7 a Olho Nu:

  1. Comece por localizar a constelação do Escorpião. Procure uma linha curva de estrelas brilhantes que lembra um anzol ou a cauda de um escorpião.
  2. Identifique Antares, a estrela mais brilhante do Escorpião, com a sua característica cor avermelhada.
  3. Siga a “cauda” do Escorpião para baixo e para a esquerda de Antares.
  4. O M7 aparecerá como uma mancha nebulosa logo acima da ponta da cauda do Escorpião, ligeiramente à esquerda.

Observação com Binóculos:

  1. Use binóculos de 7×50 ou 10×50 para uma vista mais espetacular.
  2. Aponte os binóculos para a área identificada anteriormente a olho nu.
  3. O M7 aparecerá como um grupo distinto de estrelas, ocupando grande parte do campo de visão.
  4. Deverá conseguir resolver várias estrelas individuais dentro do enxame.

Observação com Telescópio:

  1. Use um telescópio com baixa ampliação inicialmente (por exemplo, 25x).
  2. Centre o campo de visão na área identificada com os binóculos.
  3. O M7 preencherá grande parte do campo de visão, revelando dezenas de estrelas brilhantes.
  4. Aumente gradualmente a ampliação para observar mais detalhes. Uma ampliação de 50x a 100x oferecerá vistas espetaculares, permitindo resolver muitas estrelas individuais.
  5. Observe as diferentes cores das estrelas – poderá notar tons azulados e alaranjados entre os membros do enxame.

Dicas Adicionais:

  • É importante que dê tempo aos seus olhos para se adaptarem à escuridão – geralmente são necessários 20 a 30 minutos.
  • Use um mapa estelar ou uma aplicação de astronomia no seu smartphone para o ajudar na localização precisa.
  • Se estiver a usar um telescópio, experimente diferentes filtros para realçar o contraste entre as estrelas.
  • Observe o M7 em diferentes momentos da noite e em diferentes épocas do ano para apreciar como a sua posição muda no céu.

Lembre-se, a paciência é fundamental na astronomia. À medida que se familiariza com o céu noturno, encontrar o M7 tornar-se-á cada vez mais fácil. Cada observação oferece uma nova oportunidade de entretenimento diante deste magnífico enxame estelar, um verdadeiro tesouro do nosso céu noturno.

Características mais Notáveis do Messier 7

Dimensões e Distância: O M7 é um dos enxames abertos mais próximos e maiores visíveis da Terra. Situa-se a aproximadamente 980 anos-luz de distância, o que é relativamente próximo em termos cósmicos. O seu diâmetro real é estimado em cerca de 25 anos-luz, cobrindo uma área do céu de aproximadamente 1,3 graus – cerca de três vezes o diâmetro aparente da Lua cheia. Esta proximidade e tamanho fazem dele um objeto ideal para estudos detalhados da estrutura e evolução dos enxames abertos.

População Estelar: O M7 contém aproximadamente 80 estrelas visíveis a olho nu em condições ideais, mas estudos mais aprofundados revelam uma população total de cerca de 100-150 estrelas. Esta riqueza de membros estelares oferece uma amostra estatisticamente significativa para estudos de evolução estelar.

Idade e Evolução: Com uma idade estimada em cerca de 200 milhões de anos, o M7 é considerado um enxame relativamente jovem. Esta juventude é evidenciada pela presença de estrelas azuis brilhantes, que são as primeiras a evoluir e a desaparecer em enxames mais antigos. A idade do M7 coloca-o numa fase interessante de evolução, permitindo aos astrónomos estudar processos como a segregação de massa e a evaporação de estrelas do enxame.

Composição Estelar: O enxame apresenta uma diversidade fascinante de tipos estelares. Inclui estrelas quentes e azuis de tipo espectral B, gigantes amarelas e laranja, e numerosas estrelas da sequência principal. Esta variedade proporciona um “instantâneo” da evolução estelar, permitindo aos astrónomos estudar estrelas de diferentes massas e estágios evolutivos dentro do mesmo ambiente.

Movimento Próprio: Uma característica notável do M7 é o seu movimento próprio significativo através do céu. O enxame move-se coletivamente através do espaço, uma propriedade que ajuda os astrónomos a determinar a pertença de estrelas ao enxame e a estudar a dinâmica da Via Láctea.

Estrelas Variáveis: O M7 contém várias estrelas variáveis, incluindo variáveis Delta Scuti e Beta Cephei. Estas estrelas pulsantes fornecem informações valiosas sobre a estrutura interna e a evolução estelar, tornando o M7 um laboratório natural para o estudo da astrossismologia.

Ambiente Galáctico: A localização do M7 no disco galáctico, numa região rica em gás e poeira, oferece oportunidades para estudar a interação entre enxames estelares e o meio interestelar. Esta interação pode influenciar a evolução do enxame e a formação de novas estrelas na vizinhança.

Significado para a Calibração de Distâncias: Como um dos enxames abertos mais próximos e bem estudados, o M7 desempenha um papel importante na calibração de métodos de medição de distância. Isto é crucial para estabelecer a escala de distância cósmica, fundamental para compreender a estrutura do universo.

Estrelas e Objetos Notáveis no Messier 7

HD 162587 (K3III) é uma gigante laranja classificada como uma estrela de tipo espectral K3III. Estas estrelas são conhecidas pela sua cor alaranjada, resultante da sua temperatura superficial relativamente baixa, em torno de 4.300 K. Com uma magnitude aparente de cerca de 5,60, HD 162587 é a estrela mais brilhante de Messier 7. Localizada a aproximadamente 380 anos-luz da Terra, esta estrela gigante já esgotou o hidrogénio no seu núcleo, evoluindo para a fase de gigante, onde está a fundir hélio em carbono. A sua idade estimada ronda os mil milhões de anos, sendo uma estrela muito mais antiga e evoluída do que as estrelas da sequência principal. A sua luminosidade é muito superior à do Sol, o que, aliado à sua relativa proximidade, contribui para o seu brilho aparente.

HD 162391 (G8/K0III) é outra gigante, com uma classificação espectral entre G8 e K0III, situando-se na fronteira entre as estrelas amarelas e laranjas. Esta estrela tem uma magnitude aparente de cerca de 5,65, ligeiramente inferior à de HD 162587. Com uma temperatura superficial entre 4.700 e 5.000 K, exibe uma cor amarela suave. Como uma gigante evoluída, já passou pela fase de sequência principal, encontrando-se agora numa etapa onde funde hélio no seu núcleo. A sua distância à Terra é similar à de HD 162587, cerca de 400 anos-luz, e a sua idade estimada também é de aproximadamente mil milhões de anos. A sua luminosidade é consideravelmente alta, o que reflete a sua fase avançada de evolução estelar.

V957 Sco (B6Ib) é uma estrela supergigante azul, classificada como uma supergigante de tipo espectral B6Ib. Estas estrelas são extremamente luminosas e quentes, com temperaturas que podem exceder 13.000 K, o que confere à V957 Sco uma cor azulada muito característica. Com uma magnitude aparente média de cerca de 5,98, é uma estrela variável do tipo SX Arietis, exibindo variações de brilho de cerca de 0,05 magnitudes devido a pulsações não-radiais na sua superfície. A distância é significativamente maior, estimada em cerca de 1.200 anos-luz, refletindo a sua natureza supergigante. Com uma massa muito maior do que a do Sol e uma idade bastante jovem, inferior a 100 milhões de anos, esta estrela está destinada a uma vida curta, terminando em uma supernova no futuro.

V906 Sco (B9V + B9V) é um sistema estelar binário composto por duas estrelas de tipo espectral B9V, ambas pertencentes à sequência principal. Este sistema é também uma variável do tipo Algol, exibindo eclipses periódicos que causam uma variação de brilho entre 5,96 e 6,23 magnitudes. O período orbital das duas estrelas é de aproximadamente 2,79 dias. Com temperaturas na ordem dos 10.000 K, as estrelas de tipo B9V são quentes e brancas. A distância até este sistema é cerca de 650 anos-luz, e as estrelas são relativamente jovens, com idades estimadas em algumas centenas de milhões de anos. A sua massa e luminosidade são superiores às do Sol, mas, sendo estrelas de sequência principal, ainda têm um longo caminho evolutivo pela frente.

HD 162586 (B4III) é uma estrela gigante azul classificada como B4III, com uma magnitude aparente de cerca de 6,21. Esta estrela é mais quente que as anteriores, com uma temperatura superficial em torno de 17.000 K, conferindo-lhe uma cor azul intensa. Como uma estrela gigante, já evoluiu a partir da sequência principal e encontra-se numa fase onde começa a fundir elementos mais pesados no seu núcleo. Estima-se que esteja a cerca de 900 anos-luz da Terra, com uma luminosidade consideravelmente maior do que a do Sol. A sua idade é relativamente jovem, inferior a 100 milhões de anos, e devido à sua massa elevada, continuará a evoluir rapidamente em comparação com estrelas menos massivas.

HD 162678 (B9V) é uma estrela de tipo espectral B9V, situada na sequência principal e com uma magnitude aparente de cerca de 6,25. Tal como outras estrelas de tipo B, HD 162678 é quente e branca, com uma temperatura superficial em torno de 10.000 K. A sua luminosidade é superior à solar, e a distância até ela é de aproximadamente 700 anos-luz. HD 162678 é uma estrela jovem, com uma idade estimada em algumas centenas de milhões de anos. Estando na fase de sequência principal, ainda está a fundir hidrogénio no seu núcleo e permanecerá nesta fase durante grande parte da sua vida.

V951 Sco é uma estrela variável do tipo α² CVn, classificada como uma estrela de tipo espectral A0p, com uma magnitude aparente que varia entre 6,39 e 6,44. Este tipo de estrela variável apresenta flutuações de brilho causadas por campos magnéticos fortes que provocam manchas na superfície da estrela, responsáveis pela variação observada à medida que a estrela roda. O período de variação de V951 Sco é de cerca de 4,46 dias. A estrela é branca, com uma temperatura superficial em torno de 9.500 K, e encontra-se a aproximadamente 650 anos-luz de distância. A sua idade também é relativamente jovem, e, como uma estrela peculiar (indicada pelo “p” no tipo espectral), apresenta anomalias na sua composição química, com abundâncias de elementos como o cério e o lantânio.

Objetos Notáveis nas Proximidades do Messier 7

Embora o Enxame Aberto Messier 7 seja indubitavelmente o objeto de maior destaque nesta região do céu, existem outros objetos celestes notáveis que merecem a nossa atenção.

Um dos objetos mais próximos é o Enxame Aberto NGC 6444, situado a apenas 4 graus a nordeste do M7. Este pequeno, mas compacto, aglomerado estelar encontra-se a cerca de 1.300 anos-luz de distância. Com um diâmetro angular de apenas 8 minutos de arco, o NGC 6444 é um objeto interessante para comparação com o vasto e luminoso M7. Estudos revelam que este enxame aberto mais modesto é ligeiramente mais velho que o M7, com uma idade estimada em 250 milhões de anos.

Outro enxame aberto próximo é o NGC 6453, localizado a aproximadamente 8 graus a nordeste do M7. Situado a cerca de 1.900 anos-luz de distância, este enxame é comparativamente mais distante e menos brilhante que o M7. No entanto, a sua proximidade com o M7 torna-o um objeto interessante para estudos comparativos, permitindo aos astrónomos analisar as diferenças e semelhanças entre enxames abertos de diferentes tamanhos, idades e ambientes.

Factos Curiosos

Estrelas Jovens e Brilhantes: Este enxame é composto por cerca de 80 estrelas que se formaram juntas há aproximadamente 200 milhões de anos. As estrelas de Messier 7 são jovens, quentes e extremamente brilhantes, muitas delas pertencendo à classe espectral B, o que lhes confere um brilho azul-esbranquiçado.

Um “Cemitério” de Estrelas Mortas?: Embora Messier 7 seja predominantemente constituído por estrelas jovens e brilhantes, os astrónomos acreditam que ele pode conter vestígios de estrelas que já chegaram ao fim das suas vidas, como anãs brancas. À medida que as estrelas mais massivas do enxame envelhecem, acabam por se transformar em supernovas, espalhando os seus materiais pelo espaço e deixando para trás anãs brancas. Esta dualidade de vida e morte no coração do enxame dá-lhe um caráter enigmático, onde a beleza estelar esconde um ciclo de nascimento e destruição .

Uma Relação Misteriosa com a Via Láctea: A sua proximidade com o plano galáctico faz com que este enxame seja constantemente bombardeado pela radiação e pelas forças gravitacionais da Via Láctea. Alguns astrónomos sugerem que, ao longo de milhões de anos, essa interação possa alterar gradualmente a forma e a densidade do enxame, podendo até levar à sua eventual dispersão. Esta interconexão contínua entre o enxame e a nossa galáxia adiciona um nível de mistério ao destino final de Messier 7.

O Mundo e Portugal na Época da Descoberta de Messier 7

Quando Cláudio Ptolomeu, o grande astrónomo greco-romano, registou a existência do que hoje conhecemos como Messier 7 no século II, o mundo era um lugar muito diferente. O Império Romano estava no auge do seu poder, dominando vastas regiões da Europa, Norte de África e Médio Oriente. A ciência e a filosofia floresciam em Alexandria, no Egito, onde Ptolomeu residia e trabalhava, desenvolvendo as suas teorias astronómicas que influenciariam o pensamento científico durante mais de mil anos.

Naquela época, o conhecimento do cosmos estava profundamente entrelaçado com a mitologia e a religião. As constelações eram vistas como projeções de deuses e heróis mitológicos, e a observação do céu era tanto uma prática científica quanto um exercício espiritual. Messier 7, visível a olho nu, teria sido um objeto de fascínio tanto para astrónomos como para o público comum, que o observavam sem a separação clara entre ciência e mitologia que hoje conhecemos.

“Portugal” no Século II

A Península Ibérica era uma província do vasto Império Romano, conhecida como Lusitânia. Esta região, embora periférica em relação ao centro do império, tinha uma importância estratégica devido aos seus recursos naturais e à sua localização. As cidades romanas de Olisipo (atual Lisboa), Bracara Augusta (atual Braga) e Emerita Augusta (atual Mérida) floresciam como centros de administração, comércio e cultura.

A vida na época era marcada pela romanização da sociedade: estradas pavimentadas, aquedutos, templos e teatros eram comuns nas áreas urbanas. A língua latina começava a substituir as línguas locais, e a influência romana era evidente na arquitetura, nas leis e no quotidiano. A agricultura era a principal atividade económica, e a região era conhecida pela produção de azeite, vinho e cereais, que eram exportados para outras partes do império.

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