Tarzan, criado por Edgar Rice Burroughs em 1912 com o romance Tarzan, o Homem Macaco, é um dos personagens mais icónicos da literatura e do cinema. A sua jornada do papel para o grande ecrã começou em 1918 e abrange mais de um século, com dezenas de filmes e séries que capturaram a imaginação de audiências em todo o mundo. Esta é a evolução de Tarzan no cinema, desde as primeiras adaptações mudas até às produções modernas, com um foco especial nos atores que deram vida ao personagem e nas suas histórias únicas.
A Era Silenciosa (1918-1929)
A história de Tarzan no cinema começou com Tarzan, o Homem Macaco (1918), estrelado por Elmo Lincoln, uma adaptação fiel do romance original. Lincoln, celebrado pela sua presença física, regressou ao papel em O Romance de Tarzan (1918) e As Aventuras de Tarzan (1921). Contudo, ao tentar distanciar-se do personagem, a sua carreira declinou, culminando em papéis como figurante num filme de Tarzan de 1949, antes de falecer em 1952.
Outros atores marcaram esta era. Gene Pollar, ex-bombeiro e aspirante a ator, substituiu Lincoln em A Vingança de Tarzan (1920), mas problemas contratuais levaram-no a regressar ao seu trabalho em Nova Iorque. P. Dempsey Tabler, um cantor de ópera reconhecido, estreou-se em O Filho de Tarzan (1920), que foi pioneiro ao filmar cenas na selva real e introduziu o casamento de Tarzan com Jane. Tragicamente, a produção foi marcada pela morte acidental do ator Kamuela Searle, que interpretava Korak, vítima de um elefante.
Mais tarde, Jim Pierce, ex-estrela do futebol americano, protagonizou Tarzan e o Leão de Ouro (1927). Pierce casou-se com a filha de Burroughs e tornou-se diretor da E.R.B. Inc., sendo o ator de Tarzan mais velho vivo na sua época. Frank Merrill, campeão de ginástica, estreou-se em Tarzan, o Poderoso (1928) e Tarzan, o Tigre (1929), este último notável por ser lançado em versões silenciosa e sonora. Após o cinema, Merrill trabalhou como instrutor de ginástica em Los Angeles até à sua morte em 1966.
Estes filmes mudos estabeleceram Tarzan como um herói das selvas, enfrentando desafios técnicos, como filmagens em estúdios e cenas de ação perigosas.
Era de Johnny Weissmuller (1932-1948)
Johnny Weissmuller é amplamente considerado o Tarzan definitivo, protagonizando 12 filmes entre 1932 e 1948. A sua estreia em Tarzan, o Homem Macaco (1932), ao lado de Maureen O’Sullivan como Jane, marcou uma era de ouro. Weissmuller, campeão olímpico de natação, trouxe uma presença física única, definindo Tarzan como um herói ágil e corajoso. Apesar de menos fiéis aos romances de Burroughs, os seus filmes foram extremamente populares e moldaram a imagem do personagem para gerações.
Outros atores também interpretaram Tarzan nesta época. Herman Brix, mais tarde conhecido como Bruce Bennett, brilhou em As Novas Aventuras de Tarzan (1935) e Tarzan e a Deusa Verde, produzidos pela empresa de Burroughs. Estes filmes foram mais fiéis aos livros, e Brix alcançou fama nos anos 1940 e 1950 sob o seu novo nome. Buster Crabbe, conhecido por papéis como Buck Rogers e Flash Gordon, interpretou Tarzan em Tarzan, o Intrépido, produzido por Sol Lesser. Glenn Morris, outro campeão olímpico, apareceu em A Vingança de Tarzan (1938), mas o filme teve sucesso limitado.
Décadas de 1950 e 1960
Após Weissmuller, atores como Lex Barker, Gordon Scott, Jock Mahoney e Mike Henry assumiram o papel de Tarzan em vários filmes. Embora competentes, nenhum alcançou a mesma fama. Em 1966, Ron Ely protagonizou a série de televisão Tarzan, exibida até 1968, trazendo o personagem para uma nova audiência com aventuras semanais. Ely, que enfrentou as exigências físicas do papel apesar de lesões, interpretou mais tarde Doc Savage, reforçando o apelo de Tarzan na televisão. Dennis Miller, em 1959, teve uma passagem menos memorável pelo papel.
Década de 1970
A década de 1970 viu uma diminuição na produção de filmes de Tarzan. Apesar de planos ambiciosos para um grande filme em 1975, celebrando o centenário do nascimento de Burroughs, o projeto não se concretizou. A Warner Brothers adquiriu os direitos e planeou uma adaptação fiel do romance original, com um orçamento superior a cinco milhões de dólares e argumento de Robert Towne, mas o filme não avançou. Filmes menores, como Tarzan and the Brown Prince (1970), tiveram impacto limitado, refletindo um declínio temporário no interesse pelo personagem.
Década de 1980
Em 1981, Tarzan, o Homem Macaco, com Miles O’Keeffe e Bo Derek como Jane, tentou revitalizar a franquia, mas foi criticado pelo seu foco sensual em detrimento da aventura. Em contraste, Greystoke: A Lenda de Tarzan, Senhor das Selvas (1984), protagonizado por Christopher Lambert, foi elogiado pela sua abordagem fiel ao romance, explorando a dualidade entre a selva e a civilização.
Década de 1990 e 2000
O renascimento de Tarzan veio com o filme animado da Disney Tarzan (1999), um marco cultural. Com vozes de Tony Goldwyn e Minnie Driver, o filme ganhou um Oscar pela canção “You’ll Be in My Heart” e foi um sucesso de bilheteira. Sequências diretas para vídeo, como Tarzan & Jane (2002) e Tarzan II (2005), e a série animada A Lenda de Tarzan (2001-2002) expandiram a história. Em 1998, Tarzan and the Lost City, com Casper Van Dien, tentou uma abordagem live-action, mas teve receção modesta.
2016: A Lenda de Tarzan
Em 2016, a Warner Bros. lançou A Lenda de Tarzan, dirigido por David Yates e protagonizado por Alexander Skarsgård e Margot Robbie. Ambientado após Tarzan se adaptar à vida em Londres, o filme aborda temas de colonialismo e escravatura, misturando ação com contexto histórico. Apesar de um orçamento de 180 milhões de dólares, as críticas foram mistas, embora tenha arrecadado 356,7 milhões de dólares globalmente.
Estado Atual (2025)
Até hoje (2025), não há anúncios oficiais de novos filmes ou séries de Tarzan. Rumores sobre um filme live-action com Dwayne “The Rock” Johnson circularam em 2024, mas foram desmentidos, com trailers falsos usando imagens de outros filmes. Trailers conceituais com Henry Cavill e Angelina Jolie também carecem de base oficial. A ausência de novas produções sugere que o apelo cinematográfico de Tarzan está em pausa, mas o seu legado permanece vibrante.
Tarzan é uma figura lendária no cinema, com uma história que abrange desde os primórdios do cinema mudo até às produções de grande orçamento do século XXI. A sua capacidade de se reinventar, seja como herói de ação, figura romântica ou símbolo de luta contra a opressão, garante o seu lugar na cultura popular. Os atores que o interpretaram, de Elmo Lincoln a Alexander Skarsgård, trouxeram diversidade e riqueza ao personagem, cada um deixando a sua marca. Embora não haja novos projetos confirmados, o legado de Tarzan no cinema continua a inspirar, com os seus filmes disponíveis para novas gerações.
