Cometas, os fogos de artificio nos céus, eram considerados oráculos de desastres na Terra
Quando observavam um cometa nos céus, os povos antigos ficavam possuídos pelo pavor. Uma bola de fogo de volume equivalente ao da metade do da Lua, com uma cauda que se estendia pelo firmamento, devia obviamente pressagiar acontecimentos funestos, uma vez que perturbações nos céus, o local habitado por deuses caprichosos, significavam forçosamente perigo na Terra.
Já na era de Cristo pensava-se que os cometas anunciavam guerras e desastres. Em 1066 foi observado um cometa quando Guilherme, o Conquistador, se preparava para invadir a Inglaterra. Pouco tempo depois, quando Haroldo, o rei saxão, foi derrotado por Guilherme, os anciãos relacionaram ambos os factos.
Embora actualmente não sejam, de modo geral, considerados como prenúncios escatológicos, os cometas continuam a intrigar os cientistas. Tal como a Terra e os outros planetas, descrevem órbitas em torno do Sol. Contudo, muitos deles deslocam-se a tão grandes distâncias no espaço que apenas são visíveis da Terra uma ou duas vezes em cada século, ou ainda menos frequentemente.
Cometa é um corpo menor do Sistema Solar que, quando se aproxima do Sol, passa a exibir uma atmosfera difusa, denominada coma e, em alguns casos, apresenta também uma cauda, ambas causadas pelos efeitos da radiação solar e dos ventos solares sobre o núcleo cometário. Os núcleos cometários são compostos de gelo, poeira e pequenos fragmentos rochosos, variando em tamanho de algumas centenas de metros até dezenas de quilómetros. Um cometa possui uma estrutura física dividida em três partes: núcleo, cabeleira e cauda.
Um cometa não emite luz, apenas reflecte a luz do Sol. Assim, a sua luminosidade aumenta de intensidade à medida que o astro se aproxima do Sol e decresce à medida que aquele se afasta no espaço.
Observados com regularidade
Embora haja alguns cometas de pequenas dimensões que descrevem órbitas em torno do Sol de períodos de 2 ou 3 anos, o único verdadeiramente brilhante a ser observado com regularidade é o cometa de Halley. Ao examiná-lo, em 1682, Edmond Halley, o astrónomo real britânico, ventilou a hipótese de este ser o mesmo cometa brilhante que fora detectado várias vezes no passado. Estudando os registos existentes, concluiu que o cometa aparecia de facto todos os 76 anos, sendo o mesmo fenómeno que precedera a Batalha de Hastings. A descoberta de Halley veio permitir aos historiadores localizarem no tempo acontecimentos que, segundo descrições antigas, haviam sido precedidos pelo aparecimento de um cometa fatídico.
Em 1973 gerou-se uma certa expectativa em torno da aparição de um cometa até então desconhecido o Kohoutek, assim chamado em homenagem ao seu descobridor, o astrónomo checoslovaco Lubos Kohoutek, o qual, segundo se esperava, apresentaria uma cauda brilhante, e que os astronautas americanos que descreviam órbitas em torno da Terra no laboratório espacial Skylab se prepararam para fotografar.
Os factos, porém, não corresponderam à expectativa. Segundo cientistas soviéticos, uma camada de poeira cósmica impediu a formação da cauda do Kohoutek, que seria visível em todo o Mundo.
O Cometa West, apareceu três anos mais tarde, gerou bem menos expectativas (talvez por que os cientistas estavam mais cautelosos em relação a predições do brilho depois do fiasco do Kohoutek), mas acabou por ser um cometa bastante impressionante.
O final do século XX houve um intervalo muito grande sem a aparição de nenhum grande cometa, seguido pela chegada de dois em rápida sucessão – Cometa Hyakutake em 1996, seguido pelo Cometa Hale-Bopp, que atingiu o brilho máximo em 1997, tendo sido descoberto dois anos antes. O primeiro grande cometa do século XXI foi o Cometa McNaught, que se tornou visível ao olho nu em Janeiro de 2007, o mais brilhante em mais de 40 anos.